terça-feira, 9 de agosto de 2011

Por que será que não aprendemos na sala de aula?

André Rebouças, negro, engenheiro e escritor

Brasília, 28/5/07 - André Pinto Rebouças nasceu na Bahia, na Cidade de Cachoeira, em 1838, filho do advogado Antônio Pereira Rebouças, era tão fraco e doente que ninguém supunha que fosse sobreviver. Mas, em 1842, o pai foi eleito deputado e a família se mudou para o Rio de Janeiro. A mudança fez tão bem para André como para o seu irmão, Antônio. E, André Pinto Rebouças, se transformou num dos mais ativos militantes negros do movimento abolicionista, figurando ao lado de "Joaquim Nabuco e José do Patrocínio". Formou-se em engenharia pela Escola Central no ano de 1860, portanto, com 22 anos de idade. Teve grande participação na Campanha do Paraguai. Ao viajar para a Europa especializou-se em fundação e obras portuárias, permitindo-lhe, quando regressou ao Brasil participar da "construção do Porto da Cidade do Rio de Janeiro", e de outros portos do País, assim como esteve à frente de projetos de obras ferroviárias e de abastecimento de água.
Foi o "construtor das primeiras docas no Rio de Janeiro, no Maranhão, na Paraíba, em Pernambuco e na Bahia". André Rebouças acabou atravessando o Brasil em várias direções e participando também das várias instalações de núcleos de colônias, às margens do Rio Paraná e do Rio Uruguai. Na sua luta contra o estatuto da escravidão, André Rebouças, funda juntamente com Joaquim Nabuco, o Centro Abolicionista da Escola Politécnica, do qual era um de seus professores.
Como jornalista, escreveu inúmeros artigos sobre a problemática da questão do regime escravo utilizado no manifesto da "Confederação Abolicionista". E, como intelectual negro que fez público diversos de seus escritos, através dos quais estudou com profundidade os fundamentos da estrutura agrária em nosso País, em conseqüência do que poderia vir a acontecer com eliminação do trabalho servil, acreditando que o braço emigrante seria capaz de solucionar as dificuldades rurais no Brasil.
A partir de 1872 André se dedicou integralmente ao abolicionismo, influenciando toda a ação do movimento, Era tímido e mau orador, mas segundo Joaquim Nabuco, "teve o mais belo dos papeis, embora oculto: "Foi nosso motor e nossa inspiração". Com a proclamação da "República", André Rebouças exila-se do Brasil e nunca mais retorna ao convívio de seus compatriotas. Viveu seis anos no continente de seus antepassados, na África, visitando particularmente as possessões portuguesas de além mar, fixando-se definitivamente na "Ilha da Madeira", em Funchal, onde veio a falecer em 1898, com 60 anos de idade.
Morreu solitário, sobre uma grande pedra, em frente ao mar. Não estava apenas só: estava também pobre e amargurado. O exílio, porém, era voluntário. André Rebouças conseguira atingir o maior objetivo de sua vida: A escravidão fora, enfim, abolida do Brasil. Mas o custo lhe pareceu alto demais. Amigo do Imperador D. Pedro II, que venera, da Princesa Isabel e do marido dela, o Conde d´Eu, André Rebouças sabia que abolição fora uma das causas da Proclamação da República, e a República é claro, destrona os monarcas. Assim, o mulato franzino que fora um dos maiores propagandistas e meticuloso estrategista do movimento pela libertação dos escravos deixou o País no mesmo navio no qual a família real partiu para o exílio.
A morte de D. Pedro II, em 1891, lhe provocou distúrbios emocionais. Na África, André Rebouças, numa jornada louca que o levou a Moçambique, Zanzibar foi-se meter no "Transvaal", onde alimentou o plano delirante de vestir toda a população de 300 mil habitantes. Detalhista como sempre, calculou que seriam necessários "mais de 900 mil metros (de tecidos) a fornecer imediatamente; e como serão indispensáveis seis mudas no verão, 5,4 milhões de metros de pano de algodão por ano". Achava que o projeto salvaria as fábricas da Europa da bancarrota. Embora capaz de dedicar-se a planos tão utópicos quanto vestir toda a população de um país miserável, André Pinto Rebouças era também um homem prático e ativo.
Na história do Brasil fala-se muito dos irmãos Rebouças. Pois, Antônio, seu irmão, também foi um negro notável, chegando a ser deputado, celebrizando-se por ser o construtor, engenheiro que também era, da estrada-de-ferro "Paranaguá- Curitiba (1871-1874). Antônio, nasceu em 1839 em Cachoeira, Bahia, e faleceu em 1874, depois de edificar várias rodovias, como a de Antonina- Curitiba (Estrada de Graciosa), em 1866, tendo ainda participado de outros projetos de envergadura arquitetônica no Paraná e em São Paulo.
Pesquisa: Oscar Henrique Cardoso, Especial para o Portal Palmares

A chique Av: Rebouças em São Paulo foi batizada em homenagem ao engenheiro baiano do século XIX, Antônio Pereira Rebouças Filho, que construiu a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá .

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