terça-feira, 9 de agosto de 2011

Precisamos da "Poesia" de Solano Trindade?



Quando tenho a sensação de que todo o esforço na educação de nossas crianças é inútil e não encontro "a palavra" que traduza a minha insatisfação no rumo que estamos tomando, diante de tal incapacidade para achar correspondência entre o sentir e o falar, penso na utilidade da literatura e me pergunto: Hoje, nos dias atuais, precisamos da Literatura? Precisamos da "Poesia" de Solano Trindade? Precisamos! Precisamos da literatura, assim como, precisamos da música, do cinema, do teatro, da dança, do futebol; precisamos daquilo que penetre, exponha e traduza a nossa humanidade. Precisamos da poesia no momento em que a “Poesia” é esquecida, precisamos da poesia no momento em que a tecnologia avança e ameaça engolir tudo a sua frente.


Esse esquecimento de coisas e pessoas, é o esquecimento que Solano Trindade nos denuncia no poema "Tem gente com fome", o esquecimento do trem "sujo", esquecimento da população menos favorecida, submetida à degradação e atropelada pela velocidade "da máquina" que não pode parar. No passado, esse mesmo trem já foi o símbolo da modernidade, ligado ao desenvolvimento econômico, tornou possível a comunicação entre lugares distantes e arrastou na década de 30 para as cidades do centro-sul milhares de nordestinos em busca de uma vida melhor. Conduziu os sonhos de dignidade de um migrante de uma cidadezinha perdida do sertão de Pernambuco para uma cidade grande.


Precisamos levar a “Poesia” à escola e denunciar, que há sim, dores na multidão de pessoas, que esquecidas, entram e saem dos vagões dos trens, homens e mulheres que têm fome de respeito, de pão, de justiça e de liberdade. O grito do poeta deve ecoar. Temos que gritar também "SE TEM GENTE COM FOME/ DÁ DE COMER”. Precisamos da sua "Poesia", para que seja possível, ainda que por instantes, o sentimento de esperança na derrota, pelo próprio homem, do tempo da tristeza, e a utopia de um tempo de harmonia entre os homens.







Um comentário:

  1. Elis,emocionante justificativa para esta necessidade quase que primária da poesia. Tô me devendo uma boa coletânea de poetas negros...

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